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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Contemplem as coisas...


Vocês, que são tão inteligentes,
Saberão distinguir, observar,
A imensa diferença que separa
Estes dois verbos: ver e contemplar?
Ver é ação mecânica dos olhos
Focalizando a vista, é enxergar.
Contemplar, entretanto, é ação da alma
Que se esforça por tudo registrar
Quem apenas enxerga, vê por alto
Não empenhado em observar,
Conhece as coisas só pela metade,
Nunca será capaz de analisar...
Quem, ao contrário, se concentra fundo
Na difícil ação de contemplar
Percebe coisas que aos outros escapam,
Aprende tudo o que a vida ensinar.
Se, por exemplo, quando estou na praia,
Dirijo a vista sem me interessar,
Vejo somente uma extensão de areia
Mas se procuro com honestidade
A paisagem marinha penetrar,
Surge de cada lado um novo encanto,
Enxergo coisas de maravilhar!
Vejo o esplendor do sol sobre as montanhas,
Seu trêmulo reflexo sobre o mar,
Vejo a alva espuma na crista das ondas
E o castelo das nuvens se formar!
Vagamente esfumada na neblina,
A suave curva da serra azulada.
E o revoar pausado e majestoso
Dos corvos lá na abóbada anilada...
adiante uma expansão de mar.
E o verde rendilhado das palmeiras,
Onde a brisa murmura seu segredo,
E a branca vela de um barquinho ao longe,
Que parece um barquinho de brinquedo!
Experimentem contemplar as coisas,
Penetrar-lhe o íntimo sentido,
Exercitar a alma e a inteligência
Em perceber-lhes todo o colorido!
Se assim fizerem, isto eu lhes garanto,
Fontes de encanto brotarão da terra!
E então compreenderão mudos de espanto,
Toda a beleza que esta vida encerra!

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