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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um professor melhor do que a escola


Como valorizar a profissão de professor? A UFRGS propôs este tema, ontem, a milhares de vestibulandos – questionamento que provoca especialistas do mundo todo há décadas.

Um relatório da consultoria internacional McKinsey & Company, com o título Como os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, reúne países que implantaram projetos e avaliações para transformar a vida de professores e alunos.

A “Lição 1” do estudo aponta para a centralidade do professor: “A qualidade de um sistema educacional não pode ser maior do que a qualidade de seus professores.” Tarefa que o governo da Coreia do Sul tomou para si: aperfeiçoou os cursos de Pedagogia, deixando-os mais instrumentais, unindo teoria e prática, como salienta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.

Na Finlândia, foram implantados sistemas de alto desempenho que dificultam o ingresso na carreira de magistério, exigindo que os candidatos estejam entre os 10% melhores de sua faixa etária, tenham alto grau de conhecimento de finlandês e de matemática e enfrentem entrevistas para que seja comprovada a aptidão. Quem não alcança o padrão é afastado do curso.

Nos Estados Unidos, foram comparados dois alunos com desempenho semelhante (50), e aquele que foi acompanhado por um professor de alta qualidade alcançou 90, enquanto o segundo, com um professor de baixo desempenho, ficou com 37, comprovando que a qualidade dos professores afetou os estudantes mais do que qualquer outro fator.

São exemplos que precisam inspirar o Brasil e evitar que a decisão (ou o sonho) de ser professor se transforme em tormento. À procura de estudantes interessados na carreira de magistério, deparei, na semana passada, com um relato que evidencia esse descaso. Uma aluna de um curso pré-vestibular, candidata convicta a uma vaga de Pedagogia na UFRGS, obteve nota 22 (o máximo era 25) em uma redação que simulava o vestibular. O comentário das amigas que concorrem a Medicina indignou a estudante:

– Elas me disseram que era um desperdício eu me sair tão bem. Afinal, 22 era uma nota para concorrer em cursos como Medicina.

Este tipo de discurso mostra que a baixa autoestima da profissão de professor mina a empolgação até de quem está começando a pensar na carreira.

Se o Brasil seguir alguns exemplos, com mudanças de fato, quem sabe os bons e dedicados candidatos possam se inscrever em Pedagogia sem o medo de estar desperdiçando tempo e estudo.

Por: Angela Ravazzolo, editora de Educação (Zero Hora)

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